quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A crise


Vê-se na forma e na cor das lancheiras, na imensidão de pessoas que povoam agora as linhas do Metro.


Mas sofre-se sobretudo no olhar dos jovens a quem roubaram os sonhos. No triste fado que é ser bom num país que não nos merece.

ESCREVER - II

Assim é escrever. Como amar.

Dias sem inspiração, em que as folhas se cansam, vazias, à espera das palavras. Outros vêm, em que a torrente, imparável, vertiginosa, se esgota no papel.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

As palavras - III

Não sei precisar quando as palavras me invadiram. Se sempre estiveram lá, na paciência da espera. Companheiras fiéis nas horas de infortúnio, insinuam-se subtis nos instantes de deslumbramento.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Mudança de hora

O meu cérebro não quer saber de fusos horários, nem de mudanças artificiais nos relógios. Rege-se pela luz. E, fiel a esse princípio, acorda agora às seis da manhã.

Dias de chuva


Ainda que água, a chuva não me fascina. Melhor, os dias de chuva.

Porque me roubam o sol. A luz nas pequenas coisas. O chilrear dos pássaros. O frémito do calor. O brilho dos olhares.

sábado, 26 de outubro de 2013

O fascínio da água

Tranquila no lago, às vezes espelho. Flui no rio, é música na cascata.

Turbulenta nas ondas, desaparece na espuma.

Transparente nos segredos. Nos murmúrios.















sábado, 19 de outubro de 2013

INJUSTIÇA

Ser injustiçado causa uma dor profunda. É, talvez, a melhor forma de causar discórdia.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ESPELHO

Somos muito parciais no que nos diz respeito. Ignoramos o quanto os outros são o nosso espelho. Por isso opinamos, criticamos, acusamos, evitando olharmo-nos ao espelho.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

No Metro - III

Nas mãos luvas de desporto. Em vez da bicicleta, muletas. As calças de ganga, com a perna dobrada, combinam com uma T-shirt colorida.

Fico a pensar na história dessa perna.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

TRILHO



























Juntos na caminhada, seguimos o trilho. Na neblina fria da manhã, cada um com o seu ritmo, o seu olhar. Como na vida, subimos e descemos, esforçamo-nos, deslumbramo-nos.
Na humidade do verde, velhos troncos permanecem. Ramos finos cruzam figuras.
Cativam-me as texturas e a canção da água.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CRIANÇA


Que será desta criança, um dia?

Que mundos serão descobertos por estes olhos curiosos?

Que fantasmas virão povoar a paz do seu sorriso?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

FLORES

Na extensão do verde uma miríade de cores. Uma amálgama de pétalas onde cada flor é única.





segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CASTANHAS

Bem guardado, o fruto. Amadurece tranquilo num espartilho de picos. As flores, desvalidas, como amarras perdidas.







Quando chegar o momento, a armadura cede, oferecendo-nos o seu tesouro.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

As ondas

Se eu pensar nas ondas, vejo uma revolta calma.

Nada as subjuga. Nada as perturba.




Uma beleza poderosa, que em suaves salpicos, se abandona na areia.