Dias
sem inspiração, em que as folhas se cansam, vazias, à espera das palavras.
Outros vêm, em que a torrente, imparável, vertiginosa, se esgota no papel.
Não sei precisar quando as palavras me invadiram. Se
sempre estiveram lá, na paciência da espera. Companheiras fiéis nas horas de
infortúnio, insinuam-se subtis nos instantes de deslumbramento.
O meu
cérebro não quer saber de fusos horários, nem de mudanças artificiais nos
relógios. Rege-se pela luz. E, fiel a esse princípio, acorda agora às seis da
manhã.
Somos
muito parciais no que nos diz respeito. Ignoramos o quanto os outros são o
nosso espelho. Por isso opinamos, criticamos, acusamos, evitando olharmo-nos ao
espelho.
Juntos na caminhada, seguimos o trilho. Na neblina fria da manhã, cada um com o seu ritmo, o seu olhar. Como na vida, subimos e descemos, esforçamo-nos, deslumbramo-nos.
Na humidade do verde, velhos troncos permanecem. Ramos finos cruzam figuras.