MEMÓRIA - IV

Para a memória futura os prédios destruídos ficam destruídos.

Em Auschwitz, os blocos dos prisioneiros são testemunhas silenciosas do genocídio.

No entanto, a espécie humana empenha-se em formas mais eficazes de perpetrar a morte.

Luz e sombras – Trilho do javali

Entre as árvores a luz deixa-se aprisionar. Desaparece nas sombras, renasce nas cores, deleita-se nos contrastes.

COMUNICAÇÃO - IV

Às vezes tão emaranhada quanto a confusão dos fios que a sustêm.

A tinha - III

Foi com muito agrado

Que vim a Belgrado

Contar uma história

Que vem do passado.

A história de um fungo

Que para ser erradicado

Fez muitas crianças

Passarem um mau bocado.

Ficar sem cabelo

Ficou na memória

Para alguns um flagelo

Para outros sem história.

No Metro - IV

O rosto magro, precocemente envelhecido, onde a ausência de dentes testemunha outras lutas. Não há espelho que não reflita a derrota do teu olhar. Mas procuras alguma compostura no reflexo da janela.

CIDADES

Calcorreando a cidade, imagens de outras cidades se atravessam,nos recantos, fachadas, reflexos. E novos pormenores se apresentam, embuídos de inéditas sensações de pertença.

REFLEXOS - III

E os edifícios são pinturas, onde se espelha a cidade.