A lágrima
era fácil mas o sorriso também. E nele oferecia a serenidade que procurava.
sexta-feira, 31 de março de 2017
quinta-feira, 30 de março de 2017
MEDITAÇÃO - VIII
Não
é a escrita uma forma de meditação? Um abrandar para olhar o mundo, suspensa no
momento, tal como noutras circunstâncias me centro na respiração.
quarta-feira, 29 de março de 2017
Dente-de-leão
Se
eu soprar o que é que fica? A efémera beleza dissolve-se ao vento, mas o cerne reconstrói
a origem.
terça-feira, 28 de março de 2017
Voltar às Caldas da Rainha
Nada
disto parece o que era: abriram-se ruas, construíram-se casas, cresceram vidas
que nada têm a ver com a nossa história. Tudo agora parece um lugar estranho
onde, todavia, sobrevivem salpicos de familiaridade.
segunda-feira, 27 de março de 2017
ALEGRIA
Ninguém cabe numa
palavra.
Se escolhesse
ternura,
onde poria amizade?
Fortaleza na
candura
que deixa tanta
saudade.
Mas palavra que te
cabia
era a palavra
alegria.
domingo, 26 de março de 2017
MUNDO
Como
podemos ser do mesmo mundo? Tu a dormir à chuva nesta manhã fria, e eu a
caminhar apressada debaixo do meu guarda-chuva.
sábado, 25 de março de 2017
AMIZADE
Podemos falar do
tempo
de um ou outro
desalento
de um amor que se fez lento
discutir um
argumento
ou, apenas,
emudecer o momento.
sexta-feira, 24 de março de 2017
PRIMAVERA?
Esta
Primavera é maçarica. Ainda não tem a experiência dos dias longos de Maio ou
Junho. Por isso, hesitante, agarra-se às agruras do Inverno.
quinta-feira, 23 de março de 2017
FUNERAL – IV
Primeiro
é a brutalidade da ausência.
Do
teu rosto que se evadiu e que para sempre se restringirá à memória.
Com
o tempo virão as frases, as expressões, e um pouco de ti parecerá sempre vivo.
quarta-feira, 22 de março de 2017
FLORES - V
As
flores não esperam: pouco lhes importa o calendário. Explodem numa miríade de
cores e aromas nos primeiros assomos de calor. Gloriosas: ainda que isso possa
comprometer a duração do seu reinado.
terça-feira, 21 de março de 2017
DRAVE
Ronrona
o rio numa tarde que se quer longa. Cai na cascata mas não tropeça. Aprisiona
as cores da paisagem: aqui, árvores, ali, verde, onde as pedras criam texturas
imateriais. E é neste fluir constante que tudo se sossega.
segunda-feira, 20 de março de 2017
domingo, 19 de março de 2017
quinta-feira, 16 de março de 2017
LAÇOS
Ela
dizia - “Meu pequenino!” – ao homem feito que lhe empurrava a cadeira. Ele
empurrava o veículo, suave no embalo da voz, e assim retribuía uma outra forma
de colo.
quarta-feira, 15 de março de 2017
AMOR - IV
Se
há amor que não se perde é este. Corta-se o cordão mas não os fios invisíveis
que nos unem. Fluirá sempre num rio desconhecido, por mais tortuoso que o rumo
possa ser.
terça-feira, 14 de março de 2017
ÁRVORES - XI
No jogo de sombra e luz,
as árvores são soberanas. O vento não as descabela e traz a música da água.
Hoje não sussurra: agita.
segunda-feira, 13 de março de 2017
BAILARINAS
Retorcidas
bailarinas entregam-se ao vento. Fugazes abraços na instantânea rajada. São
livres, ainda que enraizadas.
domingo, 12 de março de 2017
sábado, 11 de março de 2017
sexta-feira, 10 de março de 2017
Quando há sol
Quando há sol, não são só as plantas que se encantam nas
delícias da fotossíntese. Todos os meus poros se abrem: alimenta-se a alma.
quinta-feira, 9 de março de 2017
VENTRE
Este ventre que te
foi inóspito
onde a carícia
abandonada
se perdeu.
Onde nas noites de
insónia
as mãos se
entrelaçam
no aconchego
dos dias distantes.quarta-feira, 8 de março de 2017
NEVOEIRO - II
Estava
ainda mais enevoada do que a cidade que a neblina engolia. Bússolas inúteis
agarravam-se-lhe aos dedos. Ridículas: aquele nunca seria um nevoeiro de
faz-de-conta.
terça-feira, 7 de março de 2017
PORTUGAL
Gosto
do sol e do mar
Da
família, da comida
Não
gosto de reclamar
Fazendo
parte da vida
Nada
funciona à primeira
Tudo
é feito sem razão
E
se é feito dessa maneira
Alguém
ganha na confusão
Um
pouco de ordem e respeito
Apostar
na organização
Portugal
seria perfeito
E
não a eterna confusãosegunda-feira, 6 de março de 2017
CANCRO - II
Há
uma grande diferença em estar canceroso e ter um cancro: entre a semântica da condenação
e algo que queremos passageiro.
domingo, 5 de março de 2017
sábado, 4 de março de 2017
PALAVRAS – XVII
Usar
as palavras com parcimónia: como se fossem limitadas. Como se se gastassem com
o uso e tivesse de guardá-las, preciosas, para outros momentos.
quinta-feira, 2 de março de 2017
MEMÓRIAS
quarta-feira, 1 de março de 2017
INSTRUMENTO
Tomou-se
pelo instrumento. Àquele objecto entregava a dureza da vida. Sereno, o
instrumento devolvia-lhe a música.
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