BURROS

Recebem-nos à passagem: simpáticos. Deixam-se até acariciar. Partimos e adivinho a conversa:

- Que andam estes desgraçados aqui a fazer, carregados como dizem que nós andamos?

- Sei lá, não devem ter que fazer. - Enquanto passam a gentes entretém-se.

- Pois, também é verdade.

BODY

Trust your body: it is not your enemy but your dearest friend.

NEVOEIRO - III

Misterioso envolvente do verde traz ao frio a expectativa do desconhecido.

EXÍLIO

Exilado por mote próprio faria de cada dia uma aprendizagem. Faria de cada desconforto a sobrevivência da alma. E, com o tempo, seria poderoso.

AUSÊNCIA - III

Podem contar-se os dias de muitas maneiras. Os dias até ao nascimento, os dias até ao limite de um prazo, os dias até uma ansiada viagem. Eu: conto os dias de ausência.

Cais de embarque – II

Tenho no coração um cais de embarque onde os regressos se fazem de novas partidas.

AMARRAS - II

Ainda que tentasse voltar ao âmago, largando amarras e o peso das bagagens, seria para sempre cativa de imaginários cordões umbilicais.

ESTILHAÇOS

Nem tudo quebra da mesma maneira. Até para fazer estilhaços é preciso arte. Como na vida. 

CAMINHAR - III

Se caminhar me levasse ao encontro dos teus passos...

Se o som que devolve a calçada fosse a música dos teus dias...

Entrego-me a esta cadência em busca do equilíbrio.