domingo, 31 de março de 2013

Amsterdão


Percorremos a pé horas e horas de canais. No frio cortante sobressaem as fachadas das casas. A luz nos canais, reflexos tão bonitos quando o sol descobre.






sexta-feira, 29 de março de 2013

Como é possível?


Entraste no Metro a pedir esmola. E a única coisa que recordo, não é o teu rosto, mas o teu cheiro. Um odor agoniante que marcou a tua passagem, deixando um rasto de repulsa nos que permanecemos sentados.

E no ar ficou também a pergunta que alguém, menos contido, verbalizou: “Como se pode chegar a este ponto?”

quinta-feira, 28 de março de 2013

Mata de Albergaria

Água. Jorra. Imensa. Abraça o verde, no musgo. É música, na espuma. E o odor húmido: embala o olhar que não se cansa.



sábado, 23 de março de 2013

A gatinha vai ao médico


A gatinha vai ao médico
Para tirar o seu colar
Isto já não é inédito
Mas continua a incomodar.

Parecia que andava de burca
Só com os olhos a espreitar
Já estava era meia zaruca
Por não se poder coçar.

Veio enfim a liberdade
E já se pode lavar
Não quer gestos de amizade
Só quer enfim respirar.


segunda-feira, 18 de março de 2013

Quando as ideias acordam


Nasce o dia, invade o meu cérebro, e sei que é manhã.

No meio torpor entre sono e sonho, faz-se uma clareza de ideias organizadas. E em poucos minutos conquisto o que às vezes me leva horas a conseguir.

quinta-feira, 14 de março de 2013

TU

A boca
onde a minha boca se demora.

As mãos
onde o afago não tem hora.

A alma
onde o encontro nasce agora.

terça-feira, 12 de março de 2013

Roer as unhas

Reparei nas unhas roídas na delicadeza das mãos. A quase ausência deste anexo protector, envolvida por feridas nos dedos. Sinais de uma luta.
Reparei depois que aquelas mãos pertenciam a uma rapariga bonita, bem arranjada, uma incongruência que me perturbou. Roer as unhas pode ser apanágio de qualquer pessoa, mas pareceu-me neste caso mais dramático.
E como sempre, invadem-me as dúvidas. Porque será que rói as unhas? (Algo que não me imagino a fazer). Porque as rói até causar este desconforto visual entre a sua figura e as suas mãos? Só rói as unhas quando ninguém a observa? Dói?
Saímos do Metro e vejo-a atravessar a rua no semáforo, e a levar um dos dedos na boca.

domingo, 10 de março de 2013

MÁSCARAS


Quando começamos a construir máscaras? Quando é que nos apercebemos de que não somos um personagem, mas vários, numa história mal contada? E quando é que acordamos e escrevemos o guião?
Escultura de Dario Boaventura


quarta-feira, 6 de março de 2013

O silêncio


Aprendi, nestes dias tão difíceis, como as palavras podem ser poderosas. E como o silêncio, ancorado na memória de outras palavras e de outros lugares, pode ser o único refúgio.


terça-feira, 5 de março de 2013

As pedras


Que culpa tem o tempo, o cinzento deste dia, que eu me arraste no desânimo? Se nos dias de sol, as pedras no caminho, me mostram como os troncos as podem atravessar.



domingo, 3 de março de 2013

Cascata do Tahiti



A água de que os olhos não se cansam. As sombras no musgo cujo odor se entranha. A força da cascata na delicadeza dos salpicos.

Oiço este poder. Constante. E em cada redemoinho sinto-me presente, aqui, parte desta magnificência. 







sexta-feira, 1 de março de 2013

A consulta


Mais uma ferida
Mais um inchaço
Falas da partida
Sem qualquer embaraço
E na lágrima que fica
Procuro o teu abraço.