Na
economia do movimento, tentativa de limitar a dor, anseio pelo silêncio do
corpo. Tomo consciência que a paz advirá da conquista do aqui e agora, da compreensão
do quanto preciso de abrandar.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
MUROS
Perdeste
as quatro paredes, onde o choro era soberano, e mostraste-te ao mundo. Mas não
sabias como fazer e os muros voltaram. Aprenderás, com o tempo, como os fazer
cair.
domingo, 18 de dezembro de 2016
DETALHES – II
Prendes-te
nos detalhes. E se às vezes isso te desfoca, consumindo-te nas entrelinhas,
noutras traz-te o que realmente vale a pena.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
CORES - II
domingo, 11 de dezembro de 2016
Árvore de Natal
Acendem e apagam as luzes da boa vontade. Ficamos mais leves, baixamos a guarda. Por pouco
tempo. Porque isso do amor ao próximo é como as luzes da árvore de Natal.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Primavera no Outono
Seria
o tempo do repouso, prelúdio da regeneração. A natureza troca as voltas à natureza
e eis que irrompe quando devia repousar. E o vigor do verde, embalado nos rebentos,
conquista o castanho avermelhado do Outono.
domingo, 4 de dezembro de 2016
HOMÚNCULO
Se
dúvidas tivesses quanto ao poder das mãos, bastava-te recordar o quanto o cérebro
investiu nesse delicado instrumento.
Olho-as:
pequenas, hesitantes. Será que lhes faço confiança? Saberão distinguir os
pontos, contraturas, dores? Saberão sentir as mágoas?terça-feira, 29 de novembro de 2016
RESISTÊNCIA
Resistem
as últimas folhas, num fulgurante vermelho, à espera de um abandono de vento.
Quase nua, mantém a imponência, conquistando a luz.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
ESTRANHEZA - III
Entranhado das ruas
onde já não passava, estranhava as ruas que lhe deslizavam os pés.
De nada adiantaria
o regresso porque agora os pés eram de lugar nenhum.sexta-feira, 18 de novembro de 2016
SILÊNCIO - IV
Aprender
o silêncio até que ele se entranhe. Até que as palavras, desnecessárias,
abandonem a voz. Enredadas no pensamento, habituadas à liberdade da pronúncia
despropositada, tentarão sair: água nos olhos, traições da face, impaciência
dos gestos. Aceitarão a aridez do papel. Até que se aceitem inúteis e se deixem
embalar na clareza do pensamento.
terça-feira, 15 de novembro de 2016
OUTONO-VIII
Por
mais que eu conheça o teu rumor de folhas caídas, o nevoeiro entranhado na
cidade, a noite precoce no decréscimo dos dias, haverá sempre o encantamento
das cores com que desnudas as árvores, e uma surpresa na luz com que apagas os
dias.
sábado, 12 de novembro de 2016
DESPEDIDA- VIII
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
CORAÇÃO-II
Foi
à loja para trocar o coração. Por um que sentisse menos. Que não estivesse ao
pé da boca. Ou, melhor ainda, um longe dos olhos abandonados à água. Afinal,
trocava-se tanta coisa!
Disseram-lhe
que os transplantes eram assunto sério: artérias entupidas, enfartes, coisas do
género. Que voltasse nessa altura.domingo, 6 de novembro de 2016
PERSPECTIVA
Não
chegaste aqui para teres uma única perspectiva do mundo. Para isso, seria mais
fácil teres nascido noutro sítio.
Em
tudo há uma união, um sentido, que te cabe descobrir. E nessa fusão de
realidades compreenderás as diferenças.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
OUTONO-VII
Estas
folhas ainda são bonitas. Caíram. Mas a luz que as recebe, num subtil movimento,
preserva a harmonia da essência.
domingo, 30 de outubro de 2016
ABRAÇO
Abraço-te.
Contigo não há abraços indiferentes. Porque sinto, na imaterialidade dos braços
que me envolvem, toda a energia da terra.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
BERGAMO
Já
tinha estado aqui e não te conhecia. Porque fiquei nos arredores, descurando o
âmago: a cidade alta. Saindo do teleférico ofereceste-me as ruas estreitas, o
duomo, as varandas de flores, a vista perdendo-se na cidade.
domingo, 16 de outubro de 2016
Yin e Yang - III
A
ideia de que o absoluto não existe: ou que resulta de partes que se
complementam; às vezes, contradizem-se. Não há melhor nem pior, e uma não é
nada sem a outra. Brilhante maneira de ver o mundo, na sua transitoriedade, nos
ciclos que fazem da vida o eterno deslumbramento. Sem chuva, perderíamos o odor
da terra molhada. O nevoeiro, traz-nos a ânsia do sol, hidratando as mucosas. O
vento agita o cabelo e descabela as ideias. Segue-se-lhe uma quietude que as
acalma.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
ATENAS
Caminhar
nestas ruas, nesta mistura de sons e cheiros, traz-me saudade da cidade de onde
vim. Nos prédios em ruínas, no lixo entranhado dos pavimentos, na abundância de
pichagens, num cenário de pós-guerra de
uma guerra que não houve, invade-me o privilégio de viver no Porto.
sábado, 1 de outubro de 2016
Gatos gregos
Os gatos gregos são simpáticos.
Aproximam-se, roçam-se, dão-se aos carinhos, como se fossemos velhos
conhecidos. Os cães também nos saúdam, quando não estão na sombra,
placidamente adormecidos. Os humanos nem por isso: na maior parte do tempo
parecem zangados com o mundo.
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