Entre as várias birras que o corpo agora fazia, era a
dos dentes a que mais o incomodava. Era já cego a letras sem óculos, podia
ouvir só o que lhe interessava, e travava árduas batalhas com articulações que
teimavam em adormecer. Mas aos dentes, que tão desprendidamente o abandonavam,
em inúmeros pedaços confundidos na comida, não perdoava o desprezo.
Dizia-se: o todo é maior do que a soma das partes. Num
corpo humano que fenece esta era uma verdade cruel.
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