quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ao menos há sol

Ao menos há sol.
Não sou um caracol, mas gosto de despertar, espreguiçar-me e um belo dia imaginar.
Fotografia de Mário Gomes

quarta-feira, 29 de maio de 2013

VERÃO - II

Esperava pelo Verão
Ansiava pelo calor
Ir para a praia de calção
Deleitar-me no torpor.

Mas com esta previsão
De chuva e frio que aí vem
Estou a chegar à conclusão
Que não nos estamos a portar bem.

A Europa desnorteada
Aborreceu o Criador
E agora não resta mais nada
Que aturar o seu mau humor.

sábado, 25 de maio de 2013

NÚMEROS


Quantos números tem a minha vida?



No dia em que nasci inaugurei a saga, a data que dá sentido a todo os números. A idade, o bilhete de identidade, o processo no hospital, as notas nos diplomas, os dias, mais datas no registo civil, o autocarro, o dinheiro no fim do mês.

E neste rol sem fim, vejo como são inúmeros os números da minha vida.

terça-feira, 21 de maio de 2013

CUIDAR

Vagou um lugar. E as amigas, mais novas, dizem: “Senta-te”. Toca o telemóvel, atende, frases curtas, secas: “Estou a caminho do IPO”. Uma das amigas vela pelo telefonema, o olhar atento. No rosto transparecendo que se encarregou de tomar conta dela.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

IMPRESSÕES



Impressões dos dias que passam, que se me agarram. Pensamentos dispersos, dores, risos, que ainda não são palavras. Nem sei o que são. Mas se paro um pouco, se me esvazio do modo automático diário em que me encontro, transformam-se em pequenos textos. Testemunhos que aqui vou deixando.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Como é possível? – II


Voltas a entrar no Metro. Reconhecemos-te pelo cheiro. Pelo mau cheiro. Antes do rosto, antes da voz. O rasto pestilento.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

OLHAR


A Mia observa. No seu olhar interroga-se. Ou sou eu que me interrogo sobre o que a faz pensar?







domingo, 12 de maio de 2013

Imagens do quotidiano


Abro a caixa do correio, Entre os inúmeros papéis que retiro, a publicidade diária, há um que me prende a atenção. Nada de tipografia, ou mesmo de impressora caseira. Pequeno rectângulo de um caderno pautado, escrito à mão, a poupar o espaço.




Não há dinheiro para fotocópias, mas há necessidade de anunciar. E entre os outros avisos, mais ou menos coloridos, formatos e tamanhos diversos, sinto-me atingida por esta imagem da crise.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

AMESTERDÃO - II


Um outro olhar sobre Amesterdão. Aves, árvores, casas que são barcos, água, reflexos, sombras. Pormenores desta cidade. Ou de uma qualquer cidade.











segunda-feira, 6 de maio de 2013

PRIMAVERA


Explosão de formas, cor, odores, assim é a Primavera. Em cada passo mais uma flor, frágil, imponente, pálida, resplandecente. Fica aqui esse olhar.


















PULGA


A Mia tem uma pulga, que julga que é dona dela. Passeia, dá umas picadas, com a indiferença de quem manda.

Para a Mia é coçadela, são borbulhas a eito. E para se livrar dela, medicamentos a preceito.








Vamos a ver se passa, porque a pulga, qual ameaça, não se deixou incomodar, com a terapia que se tem feito.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

NOSTALGIA

Estas crianças que ainda são crianças, lembram-me os meninos que já são homens. E nas suas mãos dadas, entrelaçadas nas conversas infantis, vejo os vossos rostos, as vossas mãos.
Na nostalgia da vossa infância perdida, apetecia-me abraçá-los. Mas acelero o passo, e simplesmente sorrio.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Os sem-abrigo


Aqui, os sem-abrigo são gatos. E neste barco, até a palavra sem-abrigo perde o sentido.

Passeiam, comem, dormem, brincam. Contemplam o canal, ao sol.

Esperam um dono, mas não há pressa. O barco não vai a lado nenhum.