Faz do grito o teu silêncio. Ignora a ferida, do tempo
virá a cicatriz. Aceita o que a maré traz, mesmo que o sal te creste a pele. Na
melodia da rebentação, encontrarás a paz.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Era uma vez um ministro
Era uma vez um ministro. O ministro, cansado, chega a
casa, que a esposa vigorosamente revirou, em frenéticas arrumações, como se com a
sua energia pudesse antecipar a Primavera.
Apareceu um baú, esquecido, onde se armazenaram uns
milhares de euros. Pois: parte era para pagar algo que na verdade era outro
ministro que devia pagar. A outra parte, já não se lembra. Mas que jeito vai
dar agora, que o andam todos a chatear, desde o mais pequenino ao tipo do topo.
Há que distribuir, ou pelo menos anunciar que vai distribuir, quem sabe, deixam
de o chatear.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
AROMA
O
aroma dos eucaliptos atravessa as narinas na humidade da manhã. O exalar da
vida revigora outra vida, e o caminho faz-se sereno.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
INFÂNCIA
Guardaste
a infância como se de um tesouro se tratasse. A liberdade de ser menino, de
correr até fartar, as travessuras partilhadas, a complacência da mãe.
Foi
talvez por essa infância só tua, que outro que não tu, mas que de ti descende,
foi um menino que não queria crescer. E os engenhos e sonhos nele se repetiram,
a liberdade reconquistada.
Guardaste a criança, na esperança que da velhice te protegesse.
Guardaste a criança, na esperança que da velhice te protegesse.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
INVERNO
Temos um Inverno muito seguro de si, que se leva muito a
sério. Nada de dias frios e pronto, uma chuva aqui outra ali, alguma neve, às
vezes vento. Há que chover dias a fio, levar a humidade aos sítios mais recônditos.
Vendavais, virar guarda-chuvas e ondas, inundar casas e ruas, afogar qualquer resto
de bom humor. Isso sim, é o que faz um Inverno como deve ser!
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
LIVROS
Há
livros em que nos demoramos nas palavras. De tão bela a escrita, desligamo-nos
do enredo. Relemos. E as imagens construídas iluminam-nos o dia.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
O elogio
Andava
triste. Onde vivia não tinha grande utilidade. Toda a primazia era dada à sua
oponente, a crítica.
Era
considerado um incentivo à presunção, à preguiça, um apelo à facilidade.
Foi-se
embora.
Soube-se
mais tarde que encontrou o seu lugar numa comunidade, dita primitiva, onde as
pessoas nasciam para serem felizes.
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
SAUDADE - III
Fazes-me falta nas
palavras que não trocámos. Sinto-o sobretudo quando se pronuncia o teu nome. E
nesse momento, as lágrimas atravessam a memória do teu rosto.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
As mulheres
Seres multifacetados,
portadores de uma inesgotável energia, capaz de transformar o cansaço em
sorrisos.
Emocionam-se facilmente,
mas sem aviso prévio passam das lágrimas ao riso.
Correm pela casa, gritam,
mas demoram-se nas carícias.
Perdem as chaves, perdem
as horas em intermináveis conversas, perdem a paciência, perdem-se
de si mesmas. Mas nunca perdem os
filhos. Nem mesmo quando estes se perdem.
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