quinta-feira, 13 de abril de 2017

HONESTIDADE - II

Tendo sido acusado de demasiada honestidade, a tal ponto que podia comprometer a eficácia da sua vida, o senhor X começou a mentir um bocadinho todos os dias, na tentativa de alcançar a dose de honestidade adequada. A princípio foi difícil, habituado que estava àquela honestidade pegajosa, um vício forte como o tabaco. A ideia de começar lentamente foi para evitar as agruras da abstinência, embora no caso do tabaco já muitos lhe tivessem relatado o fracasso desse método.
Na verdade, assim em doses suaves, o veneno da mentira penetrou indolor. Acordou um dia na plena desonestidade, liberto de consciência, na tranquilidade de viver num mundo de iguais.



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