Todos gostamos de deixar marcas da nossa passagem. Parte
de nós assim permanece nos descendentes. Expressões, palavras e gestos,
aptidões.
Mas no artista, há a obra que permanece. Um certo olhar
que nos olhará por muito tempo. Que nos fará rever o rosto, as mãos, o azul dos
olhos. E em cada peça, uma história de amor. Como se ainda se sentisse o afagar
do barro.
Repleto de ideias, invenções, palavras. Também escrevia,
mas essa faceta ficou ainda mais íntima do que a escultura.
E mesmo as peças de cerâmica, o seu enlevo, poucas vezes
conheceram o domínio público. Não esperava mais reconhecimento do que o prazer
de nelas se transfigurar. Nelas afastar medos, esquecer pesadelos, resgatar a
infância e enaltecer a mãe.
São parcas as palavras para redigir um homem. Sobretudo
porque esse homem era o meu pai. Por
isso ficam algumas das suas obras, hoje aqui expostas, que certamente melhor
falarão por ele.
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