Estavam poucos mas faziam barulho como muitos. Ainda
que fosse a publicidade ou o anúncio de outros filmes, impunha-se já um
silêncio que ninguém respeita. Quanto mais não seja porque, confinados à
cadeiras, somos bombardeados com a coscuvilhice do dia, por quatro senhoras que
nos gritam as vidas das Manuelas que conhecem (sem ofensa às Manuelas). À frente, outros falam ao telemóvel,
indagando o motivo da doença da D. Lucília, que está sozinha em casa.
Apetece fugir. Mudo de lugar para que o borburinho se
dilua. Mesmo quando o filme começa, não se interrompe totalmente este clima de
fim de dia no Café. Não sei se tenho azar ou se é mesmo para desistir de ir ao
cinema. E, apesar de algum exagero no cumprimento das regras, dou por mim a
desejar que esta sala de cinema estivesse na Holanda. Por algum sistema virtual
de vasos comunicantes, começo a impregnar-me da cultura desse país onde agora
vives.
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