domingo, 27 de setembro de 2015

HONESTIDADE

É o princípio pelo qual me rejo: será  (assim  o espero), aquele pelo qual sempre me regerei. No entanto, bem vistas as coisas, não me tem trazido nada de bom.
Leva-me a confiar nas pessoas, a não ver segundas intenções quando se oferecem para me ajudar: basicamente ofusca-me. Na verdade nunca gostei daqueles que “estão sempre de pé atrás”, mas tenho de reconhecer a utilidade dessa atitude. E a cegueira da minha…
Então qual a vantagem de ser honesta? Em termos biológicos qualquer comportamento cujas consequências levem os seus possuidores a serem mais bem sucedidos pode ajudar a mantê-los na população. Ora o que me é dado ver é que os mais bem sucedidos, e por consequência os que se podem manter melhor na sociedade, são os outros, os desonestos, ou se quisermos ser mais suaves, os menos honestos. Isto quer dizer que estou longe se poder ser considerada um animal óptimo, uma vez que repito comportamentos que não me conduzem ao sucesso. E novamente me pergunto porquê.
Claro que é sempre possível argumentar que estamos longe de ser animais semelhantes aos outros, digamos, aos outros mamíferos superiores que povoam este planeta, e que não faz sentido para o animal racional que somos, a procura incessante de uma razão biológica para as suas atitudes. No entanto, quando de facto nos metemos ao caminho na procura da, chamemos-lhe assim, biologia das atitudes, e nos deparamos com os meandros da dita sociobiologia, podemos assustar-nos um pouco. Podemos verificar que, em várias situações, nos assemelhamos demasiado (pelo menos muito mais do gostaríamos) aos nossos parentes do reino animal.
Mas voltando à minha teimosia em manter-me honesta. Porque é que se mantém, mesmo após a constatação de ter sido, e continuar a ser, um caminho que não leva a lado nenhum e biologicamente pouco recomendável?
O único argumento que encontro é a velha discussão sobre o que poderemos considerar o sucesso. É usar os lugares comuns do que o que interessa não é o que conseguimos obter mas o que fazemos pelos outros, pelo bem comum. Funciona, mas confesso que é uma argumentação um bocadinho deteriorada, dado o excesso de uso que lhe tenho dado. Ou então acreditar que, numa outra qualquer dimensão, alguém está a tomar nota das minhas boas intenções e do afinco com que continuo a praticar a honestidade, acreditando que é assim que vale a pena. Espero que pelo menos, esse omnipresente personagem, não se esteja a rir de mim…


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