No turbilhão hormonal e emocional que me envolve procuro o lugar onde tudo é possível. Desde sempre que busco algo de aparentemente inatingível, algo que preencha esta sensação de não pertencer a lado nenhum. Toda a vida aspirei a algo de maior. Algo que pode estar na música, na dança, na ciência, na escrita, na espiritualidade, mas sobretudo dentro de nós.
No entanto, é verdade que também bloqueei essa busca, de tal forma que aparentemente foram as circunstâncias que me afastaram do percurso. O medo é tão grande (e medo de quê?), que as asas foram sempre sendo cortadas. Tudo começa fluindo, com a dedicação com que abraço os desafios, mas depois afoga-se nos eternos conflitos. Devia já ser claro para mim que é porque a atitude não é correcta. E até é claro. Então porque resisto à mudança? O tal medo? Qual é a parte de mim que não quer caminhar e qual a que anseia pela liberdade do voo?
É tão simples quanto parar. Deixar a mente esvaziar-se de todos os pensamentos negativos, que se avolumam como bola de neve, e me transportam ao deserto da angústia e ao disparate das palavras. Tudo o que preciso é de silêncio. Silêncio de palavras, já que a música é bem-vinda. E ouvir. Os outros. A voz interior que me pode guiar. Perceber de forma visceral que tudo é transitório e que, de facto, o “essencial é invisível para os olhos”.
Quando chegar a esse ponto, qual alpinista no cimo da montanha, terei a paz. Mas, como o alpinista, há que conquistar a montanha. Como ele, com toda a dedicação, esforço, auto-disciplina. Para poder respirar o mesmo ar rarefeito da plenitude.
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