segunda-feira, 23 de abril de 2012

O lado humano dos fiscais


No Metro. Um homem e uma mulher. Conversam.

Ela, na atitude tipicamente feminina. Ajeita-lhe a gravata. Diz que também ela escolheu uma gravata de homem, porque é mais fácil de tirar e pôr sem desfazer o nó.

Ajuda uma senhora que entrava fora de tempo, barrando o fecho das portas. Ele diz-lhe depois que não deve fazer isso, pode vir a ter problemas. Ela diz que é melhor barrar as portas do que ter um cliente magoado, a senhora já ia ficar com a mão presa.

Atende o telefone. Brinca. Deixa cair a garrafa da água, que na queda quase lhe parte alonga unha pintada de rosa. Pragueja.

Conta que há poucos dias, porque estava encostada à porta, quando esta se fechou prendeu-lhe o carapuço, e ela ficou presa pelo pescoço mesmo quando ia iniciar a fiscalização. Ficou tão envergonhada…

Eu, que ando desde o dia 31 de Dezembro (a noite em que um dos meus filhos foi estupidamente multado), a contar as vezes que sou fiscalizada (já agora, dezassete), dou por mim suspensa deste diálogo, em si igual a tantas outras conversações que presencio diariamente.

Será que, quando iniciarem a fiscalização, se vão transfigurar, adquirindo o ar profissional, e pouco humano, de quem anda a ver se nos portamos mal?

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