Uma ambiguidade de serra e mar.
Estamos no cimo da montanha, mas abre-se-nos um tapete de nuvens, um branco
etéreo, que evoca a espuma das ondas.
Com esta beleza que me invade, que
sem pudor se apodera de todo o meu ser, arrebatando o meu pensamento, só posso
sentir paz.
Sentada, sinto que toquei o céu, e
que não sou mais do que algo imaterial que se dilui nesta paisagem.
E na música deste silêncio
intemporal, só sinto vontade de não sair daqui.
A minha dúvida é constante, por isso não sou crente.
ResponderEliminarÉ lamentável mas assim sinto-me bem depois de ter tido tantos revezes.
A subida às montanhas são sempre um prazer quase divinal, de domínio, mesmo que seja só da vista que se nos oferece.
Toda a loucura das cidades, dos movimentos constantes, do ruído e falta de bom senso lá desaparecem, quase ficamos com a sensação que aquilo lá em baixo não existe.
Talvez por isso os conventos foram construídos, muitos, nas alturas possíveis e alguns em locais que agora parecem impossíveis.
Estar mais perto das divindades? Não sei.
Poder pensar em si mesmo, não pensar ou simplesmente estar, ver, ouvir o silêncio, sentir a grandeza deste mundo, a beleza e as riquezas mal distribuídas e desaproveitadas.
Estar lá, no topo, é não estar em lado nenhum. É poder não existir sentindo bem o que somos, o que podemos, o que queremos e, fundamentalmente, o que podemos dar.