Cheguei às 8h30. Aliás às 8h15, com os 15 minutos de antecedência recomendados. De nada me serviu porque, após esperar por vários internamentos já fui atendida no guiché fora de horas. “Pode sentar-se que o médico chama.”
Obedeci. Eu e mais uns quantos que já aqui apodreciam antes de mim. Entretanto, a única funcionária do guiché desapareceu, há todo um vai e vem de personagens a entrar e sair, mas ninguém chama ninguém.
O espaço é agradável, sofás coloridos. Já várias vezes passaram os mesmos auxiliares, com macas, oxigénio, trouxas de roupa. Partilham o estranho fenómeno de serem altos. Será que neste serviço, em vez de cirurgia vascular, fazem crescer as pessoas?
Veio agora um enorme caixote do lixo, “transporte de resíduos”. É na verdade o que já nos sentimos, por isso não ficaria espantada se me dissessem para nele entrar. Segue-se o carrinho da limpeza, o da comida, pena que não haja o da paciência. E talvez por isso a minha vizinha da frente lê a “Bíblia Sagrada”.
Duas horas depois, fui finalmente aviada, mas não antes de eu ter ido reclamar.