Sendo-me indispensáveis (pelo menos se eu quiser continuar a ter as letras no meu mundo), sinto-os como um empecilho. Não consigo ignorá-los e o incómodo é tal que todas as oportunidades são boas para deles me livrar. Cozinhar, comer, andar na rua. E lá vão ficando perdidos nas mais diversas paragens. E, invariavelmente, vou andar à sua procura.
No entanto, com o aumento da presbiopia (vulgo vista cansada), já não posso manter esta independência. Já não vejo as espinhas do peixe, não leio os rótulos das embalagens, não vejo as mensagens do telemóvel.
E mais não me resta do que aceitar que este objecto, aparente barreira entre mim e o mundo, é a muleta que nele me permite continuar a caminhar.
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