quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

FORMIGAS SUICIDAS

Estranho fenómeno, este, que me foi dado observar. Na casa do Gerês, entrando pela janela da casa de banho do segundo andar, num carreiro obediente, as formigas avançam em direcção à tijoleira. Até aqui, nada demais. Não é o que as formigas parecem estar sempre a fazer?
O meu espanto reside no amontoado de cadáveres no chão da casa de banho, imediatamente abaixo da janela. Como a casa está desabitada a maior parte das vezes, a minha explicação, perante tantas formigas defuntas, foi que tivessem morrido de fome. Explicação algo ingénua, tenho de reconhecer, pois se assim fosse, porque não teriam elas saído pelos mesmos orifícios que usaram para entrar?
Para melhor averiguar o fenómeno, varri de imediato o chão da casa de banho, e sem qualquer ritual fúnebre, deitei todas as formigas no lixo. Quando voltei à casa de banho, novamente observei cadáveres, no mesmo local, apenas em menor quantidade. Ou seja, formigas acabadinhas de chegar, que por uma qualquer razão que não consigo descortinar, sofrem uma síncope fatal quando atingem o chão da casa de banho. Repeti esta operação várias vezes durante o fim-de-semana, sempre com o mesmo resultado.
Sem apelo nem agravo, o carreiro de formigas continuava a avançar em direcção ao abismo. Estranho fenómeno este, que me fez recordar algumas atitudes humanas, para as quais, verdade seja dita, também não encontro uma convincente explicação.

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